Tempos Líquidos
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- 4 de out.
- 2 min de leitura
Atualizado: 20 de out.
Review: Tempos Líquidos, de Zygmunt Bauman – Vivendo Sem Chão em um Mundo em Dissolução
Se em "Modernidade Líquida" Zygmunt Bauman cunhou o conceito que define nossa era, em "Tempos Líquidos" ele avança um passo crucial: demonstra como a liquidez se tornou a lógica dominante não apenas da vida individual, mas das instituições e do poder.
O que era um diagnóstico sobre nossos relacionamentos e empregos revela-se agora a chave para entender a crise da política, o medo do diferente e a erosão de todos os referenciais estáveis.
Bauman argumenta que o poder também se "liquefez": ele se globalizou, enquanto a política permaneceu local, tornando-se incapaz de conter forças como o capital especulativo.
O cidadão, abandonado por Estados enfraquecidos é levado a descarregar sua ansiedade em medos líquidos – da imigração ao terrorismo – que substituem as velhas certezas. A ética dá lugar à estética, e a solidariedade se dissolve no individualismo.
Por Que Este Livro É Mais Urgente do Que Nunca?
Explica a Ascensão do Populismo: Como líderes exploram o medo e a insegurança em um mundo sem respostas sólidas.
Diagnostica a Cultura do Descartável: Das notícias às relações humanas, tudo vira produto de consumo efêmero.
Mostra a Raiz da Nossa Angústia: A liquefação dos pilares sociais nos deixa sem chão, à deriva em um mar de incertezas.
Veredito Final:
"Tempos Líquidos" é a obra da maturidade do pensamento baumaniano. Com clareza cortante, Bauman não apenas descreve nosso mal-estar, mas rastreia sua origem nas estruturas desmontadas do mundo contemporâneo.
Este livro é um mapa para navegar em um planeta em dissolução – e um alerta contundente: ou reinventamos formas sólidas de convivência e justiça, ou seremos engolidos pela correnteza de nossos próprios tempos fluidos. Leitura essencial para quem não quer apenas sentir a liquidez do mundo, mas compreendê-la.

Sobre o autor
Zygmunt Bauman (1925-2017) foi um dos sociólogos mais influentes do século XXI, conhecido por cunhar o conceito de "modernidade líquida" para descrever a fluidez e instabilidade das relações humanas na pós-modernidade. Perseguido pelo antissemitismo na Polônia comunista, refugiou-se na Inglaterra, onde lecionou por décadas na Universidade de Leeds.
Sua obra, traduzida para mais de 30 idiomas, investiga os dilemas éticos da sociedade contemporânea. Uma curiosidade notável: Bauman só começou a escrever sobre a "liquidez" moderna após seus 70 anos, provando que a genialidade pode florescer em qualquer fase da vida.




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