História da Sexualidade
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- 4 de out.
- 2 min de leitura
Atualizado: 20 de out.
Review: História da Sexualidade, de Michel Foucault – A Revolução sobre o que Calamos e o que Dizemos
Na obra-prima "História da Sexualidade", Michel Foucault realiza um dos gestos mais radicais da filosofia: ele desmonta a ideia de que a sexualidade é um instinto natural que a sociedade reprime.
Pelo contrário, Foucault argumenta que, a partir do século XVIII, o poder parou de calar a sexualidade e começou a produzi-la incansavelmente, tornando-a um objeto de controle, estudo e confissão.
Sua tese é um golpe de mestre: não vivemos numa sociedade repressiva, mas numa sociedade obcecada por falar de sexo. A medicina, a psiquiatria, a educação e a religião criaram discursos que, ao mesmo tempo que classificavam os "perversos", incentivavam cada indivíduo a confessar seus desejos mais íntimos. Dessa forma, o poder não suprime – ele incita, cataloga e administra a vida.
Por Que Esta Obra É Tão Atual?
Foucault nos dá a chave para entender o mundo contemporâneo:
A Identidade Sexual: Ele mostra como a noção de uma "identidade sexual" profunda é uma invenção histórica, não uma verdade biológica.
A Política do Corpo: Seu conceito de biopoder – o controle sobre a vida da população – explica desde campanhas de saúde pública até o controle da natalidade.
A Ética como Resistência: No final da vida, Foucault propôs que a verdadeira liberdade não está em "descobrir" quem somos, mas em criar-nos como obra de arte, rejeitando os rótulos fixos.
Veredito Final:
"História da Sexualidade" é muito mais que um livro sobre sexo. É uma ferramenta de libertação intelectual que nos ensina a desconfiar das "verdades" mais íntimas que carregamos.
Foucault nos convida a questionar: e se a maior forma de controle não for nos proibir, mas nos obrigar a contar exatamente quem somos? Uma leitura desconcertante, necessária e profundamente libertadora para qualquer um que queira repensar o poder, o prazer e a possibilidade de ser livre.

Sobre o autor
Michel Foucault (1926-1984) foi um dos filósofos mais influentes do século XX, cujo trabalho revolucionou o estudo do poder, do saber e das instituições sociais. Professor no Collège de France, suas obras – como Vigiar e Punir e História da Sexualidade – desvendam como sociedades criam sistemas de controle e normalização. Pensador transgressor, investigou prisões, manicômios e clínicas para revelar os mecanismos sutis que disciplinam corpos e mentes. Uma curiosidade marcante: Foucault era um notório night owl – trabalhava madrugada adentro na Biblioteca Nacional da França e dava aulas às 9h da manhã, sustentado por copos de Coca-Cola e xícaras de café negro.




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